Contaminação em cervejaria

No mês de janeiro, foi notícia em todo o Brasil que uma cerveja artesanal estava causando mortes entre seus consumidores.

Mas afinal, o que causou essas mortes? O que a empresa deve fazer em relação a contaminação em seus lotes? O que pode ter causado a contaminação? Como isso pode ser evitado? Essas e outras perguntas serão respondidas nesse artigo.

Alguns consumidores relataram dores abdominais, náuseas e vômito, o que claramente remete a uma possível intoxicação alimentar. Mas esses sintomas também podem significar outras doenças, como foi o caso dessa cerveja, em Minas Gerais que intoxicou e matou algumas pessoas.

Mas o que aconteceu dentro dessa cervejaria?

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a partir de análises encontrou na água utilizada na fabricação dessas cervejas duas substâncias tóxicas: monoetilenoglicol e dietilenoglicol . O monoetileno glicol é um liquido incolor, ligeiramente viscoso com odor suave, miscível com água e com a maioria dos solventes orgânicos. É utilizado em diversas formulações de fluidos hidráulicos resistentes ao fogo, óleos para usinagem, polidores de superfícies, defensivos agrícolas, extração de solventes, além de ser muito utilizado como anticongelante. E o dietilenoglicol é um líquido claro, higroscópico e sem odor. É miscível com água e solventes polares tais como os álcoois.

Entendendo o que é cada uma dessas substâncias, fica claro que ela não foi feita para digestão humana. Ela pode ser utilizada no processo de resfriamento do mosto —mistura de ingredientes que vão compor a cerveja após sua fermentação― , mas nunca entrar em contato com a cerveja, ainda que depois por ser uma limpa e filtrada, seja incluída no processo produtivo.

A investigação das autoridades tem como desafio descobrir como o dietilenoglicol foi parar na água utilizada na fabricação. Foram levantadas diversas hipóteses de contaminação, como o uso incorreto da substância para acelerar o resfriamento e até mesmo sabotagem.

O que é Sindrome nefroneural?

Ela se caracteriza em um conjunto de sinais e sintomas neurológicos com insuficiência renal. Essa síndrome já existia, como resultado de infecções por bactérias e vírus e também da intoxicações por substâncias alcoólicas. O que surpreende desse surto recente da doença, é a forma como ela foi adquirida: por meio de uma cerveja.

Seus sintomas se iniciam com alterações gastrointestinais (náuseas, vômitos e/ou dor abdominal), associados à falência renal aguda e de evolução rápida (até 72h), seguida de alterações neurológicas (paralisia facial, borramento visual, cegueira, sonolência). Ela pode levar a óbito. Quem apresentar esses sintomas deve imediatamente buscar assistência médica para ser tratado da forma adequada.

Os tratamentos possíveis incluem monitorização e administração de um tipo de antídoto, hidratação, avaliação do nefrologista e até terapia de substituição renal, como hemodiálise, quando indicada.

Quais medidas essa cervejaria tomou?

Em casos como esse é feito um recall – uma nota ao consumidor e o recolhimento dos produtos – solicitando que essas pessoas levem ao local em que compraram a cerveja, e solicitem a devolução da cerveja. Esse problema pode atingir lotes ou até mesmo a fabricação toda da indústria. No caso dessa cervejaria, ela recomendou que não fosse consumido nenhum lote dessa cerveja.

Chegou a ocorrer mortes em decorrência dessa contaminação. Como a empresa responde?

Nesse caso, os responsáveis pela fabricação respondem judicialmente, cumprindo penas e pagando indenizações às famílias das vítimas.

Como isso pode ser evitado?

Por meio de organizações no processo de fabricação. Uma solução muito indicada são as Boas Práticas de Fabricação, que consiste em um Manual que aborda diversos tópicos para o funcionamento pleno de uma indústria alimentícia, e como lidar em casos de contaminação, assim como evitá-las também. Sempre se atendo às verificações diárias em todos os setores de fabricação da indústria.